Chego a pensar que gosto de criar polêmica e, com isso, ter assuntos para debater. Gosto mesmo. Mas, mais que isso, tenho necessidade de ser sincero, honesto comigo mesmo, transparente e simples. Simples no sentido de descomplicado. Temos, todos nós, uma tendência a complicar as coisas.
Estamos na era do politicamente correto, não é? Vejo, até com certo regojizo, o esforço das pessoas para, em público, passar uma imagem politicamente correta e, em geral, mentirosa sobre fatos tão banais.
Estamos na era do politicamente correto, não é? Vejo, até com certo regojizo, o esforço das pessoas para, em público, passar uma imagem politicamente correta e, em geral, mentirosa sobre fatos tão banais.
Algumas semanas afastado (já expliquei por que isso ocorre) e muitos assuntos surgiram nos “botecos da vida”, adiando o texto um pouco mais. Fiquei em dúvida sobre qual deles eu queria abordar. Até que resolvi abordar numa mesma crônica todos eles, que são, em última análise, a mesma coisa. Será apenas um pouco MAIS DO MESMO de sempre, o meu assunto preferido: COMPORTAMENTO.
Interessante e engraçado, por exemplo, o nojo que as pessoas sentem (será que sentem mesmo?), quando, em qualquer refeição, surgem assuntos como vômito, diarréia, flatulência, enjôos, chulé, mau hálito, arrotos, essas coisas. As pessoas, estranhamente para mim, quase vomitam ali mesmo tendo, muitas vezes, chiliques e implorando para mudarem de assunto. Até concordo que é deselegante, mas é tão normal. Não se preocupem comigo, na minha frente, mesmo na hora que eu estiver comendo, podem falar à vontade, não tem problema, não terei nojo. Agora, se o assunto for corrupção, fraudulência, extorsão, ou coisas do tipo, assuntos normais para a maioria, aí sim, perco a fome e sou capaz até de ter os mesmos chiliques. Isso é ainda mais deselegante numa mesa, na hora sagrada da alimentação. Prefiro a escatologia. É muito mais divertido.
Outro dia, numa dessas conversas, contei para uma amiga que uma veterana atriz que gravava uma cena ao meu lado, se desculpou comigo pelo “punzinhos” (expressão dela mesmo) que estava dando. Acredita que essa amiga ficou indignada? Eu achei divertidíssimo: os puns e a indignação. Em primeiro lugar por causa da atriz que não precisaria se justificar. Eu não havia percebido. As cenas eram externas e o eventual mau cheiro se dilua no ar e depois por causa do desprendimento. Quando se está com 80 anos, deixam-se de lado certas bobagens. Achei o maior barato. Ah! No fim convenci a amiga de que há situações e situações. A deliciosa velhinha não poderia, como me foi sugerido pela amiga, fazer o que qualquer pessoa bem educada, segundo ela, teria feito. Ir ao banheiro para soltar os tais “punzinhos”. Oras! Estávamos gravando, como eu disse, cenas externas num jardim, repetidas vezes para aproveitar a luz natural. O banheiro era distante, o figurino pesado, estava "microfonada" sob todo o figurino e, ainda por cima, havia as dificuldades de locomoção (pela idade). Eu pergunto: Uma pessoa bem educada vai ao banheiro para peidar mesmo nessas condições? Sempre? Você faz isso? Sei. Você é um abnegado (a).
O outro assunto sobre o qual eu gostaria de comentar é início de namoro. Conversei bastante a respeito e cheguei a uma conclusão surpreendente para os outros. Não tem coisa mais gostosa que começo de namoro. Mais gostosa e mais falsa. Não há no mundo nada mais perdoavelmente falso que um casal em começo de namoro. As juras de amor eterno que ambos fazem todos os dias são muito mentirosas. Vinicius de Moraes cantava para cada nova namorada (foram muitas) “Eu sei que vou te amar/por toda a minha vida/vou te amar” Como era falso o poetinha... Enfim, começo de namoro é recheado de falsas condutas. Quer ver? No começo de namoro, para “abater” sua presa você faz tantas concessões e depois, com o tempo, tem dificuldades de se livrar delas. São concessões que jamais você deveria ter feito porque será cobrado eternamente.
No começo de namoro, para agradar o parceiro, você até vai a um concerto de cordas, mesmo que no seu íntimo, seu desejo fosse se empanturrar de carne e cerveja numa churrascaria boa e barata qualquer. Mas no começo de namoro você vai ao concerto não porque te agrada. Agradável foi estar ao lado da pessoa amada. Depois da conquista efetivada, porém, você volta a ser você mesmo e agradável é fazer o que você gosta, se possível, ao lado da pessoa amada. Para seu consolo, entretanto, você também fará cobranças em cima das concessões que o outro fez. E assim o casal permanece feliz até que a próxima crise apareça. Mentira? Sei. Você é um abnegado.
Já que o assunto é casal quero falar um pouco desse divertido jogo entre homens e mulheres. Se tem uma coisa que eu, definitivamente, não entendo são as mulheres. Porque elas não aceitam que a coisa mais normal para os homens latinos, principalmente os brasileiros, é olhar para a bunda de uma mulher quando ela passa por nós? Bobagem delas.
Não é cobiça, não é desejo, não é cantada, não é tara. É apenas aquela ingênua “conferida”. É uma coisa cultural, natural. É coisa que se aprende desde criancinha, com o pai, com os amigos, com os amigos do pai, com os pais dos amigos, com o avô.
Você está lá com os amigos e com os pais numa conversa animada sobre qualquer assunto sem importância, aí passa uma nem sempre bela mulher. A conversa para, todos dão aquela famosa “olhadela” e depois a conversa continua como se não tivesse havido a pausa. Normal. A criança aprende isso antes mesmo de aprender a andar ou falar e fica automático. Né, não?
Se eu fosse brigar com todo homem que olhou para a bunda das mulheres que tive quando elas passavam eu já teria brigado com metade dos homens da cidade. A outra metade teria brigado comigo porque me pegaram olhando para a bunda da mulher deles. Já deve ter acontecido diversas vezes olhares cruzados. E chumbo trocado não dói.
Outra coisa que mulher nega é que percebe quando um homem olha para a bunda dela depois que ela passou. Elas negam, mas nenhuma me convence. Sempre dizem: “Não tenho olhos nas costas”, “Estou preocupada com outras coisas”, “É pensamento de homem”. Sei. Elas são umas abnegadas.
Elas percebem sim. Sabem que eles vão olhar e querem que eles olhem. É cultural também. Aprendem desde cedo com a mãe. Mentira? Então porque rebolam mais depois que o homem olha? E quando, por qualquer razão, eles não olham, elas ficam “putas”. Não admitem, mas ficam. Como eu não gosto de ver mulher nervosa eu olho sempre. A minha sabe.
Quem não olharia? |
Para evitar que o texto fique ainda mais longo e chato vou encerrar com um assunto que tem me incomodado profundamente. As pessoas se referirem com desdém aos homens que foram criados pela avó. Eu, em boa parte, fui criado pela minha vó. Que saudade da velhinha. Carinho, afeto e amor nunca prejudicam, apenas causam inveja a quem não tem ou não teve. Não sou menos homem porque meus avós ajudaram na minha criação, não seria mais se tivesse me criado sozinho, nas ruas. Meus pais e meus avós me passaram noções claras de dignidade, bondade, respeito, as mesmas que junto com meus pais tento passar às minhas filhas. Nunca defendi grandes causas, mas nunca tive vontade de cuspir na cara de quem não concorda comigo. O que é mais digno? Eu sei, eu sei. Eu sou um abnegado.
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