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terça-feira, 8 de dezembro de 2009

DESABAFO

“Por que me arrasto aos seus pés? Por que me dou tanto assim? E por que não peço em troca, nada de volta pra mim?...”



Se você identificou a frase introdutória desse texto como parte de uma música do Roberto Carlos. Parabéns. Você acertou em cheio. Apropriei-me devidamente (coloquei aspas, reticências e dei os devidos créditos, como manda a boa ética) do trecho inicial da música DESABAFO para a sempre difícil missão, pelo menos para mim, de começar um texto. E como pretendo aqui, nesse espaço, fazer o meu desabafo, achei justo içar parte dessa música de Roberto Carlos, até como homenagem.

Essa é, aliás, umas das muitas vantagens de se ter um blog próprio; o descompromisso com fórmulas, formatos, temas, estilos, assuntos e periodicidade. Se um dia, sinceramente nem sei mais se torço para que isso aconteça ou não, este blog ficar famoso, a liberdade que tenho hoje e que tanto prezo passaria a ficar comprometida.

Num blog como o meu em que os leitores são poucos - poucos não, raros. Raros não, raríssimos. Na verdade, único, porque cada leitor é único – o que vale mesmo é a possibilidade de mudar, experimentar. Por isso, peço licença a você, eventual leitor (a), para esse meu desabafo.

Na citada música, o rei com talento e competência (há quem discuta a qualidade artística de Roberto Carlos, mas, mesmo esses, não podem negar que há uma obra realizada e, gostem ou não – eu gosto de muita coisa - precisa ser respeitada) fala, mais uma vez, de romance, de amor e paixão, temas recorrentes em seu trabalho.

Não tenho a pretensão, claro, de me comparar a ninguém, muito menos a um rei, longe disso. Não sou dono de obra alguma (três textos de teatro - um ainda inédito - uma rádionovela, um único episódio de um seriado de TV que nunca foi ao ar, a sinopse de uma novela que jamais foi lida, um livro apenas começado, algumas péssimas poesias, poucas crônicas e contos sem qualquer repercussão, muitos roteiros musicais, direção de shows de artistas quase desconhecidos e diversos textos jornalísticos – documentários, inclusive - não constituem uma obra), mas, graças ao blog, posso falar com simplicidade das coisas que eu vejo, penso, sinto e sei.

Tenho quase meio século de vida e começo - utilizei o verbo no presente, propositalmente, por pura generosidade comigo mesmo – a sentir o peso da idade, embora ainda mantenha a garra, a inocência e a pureza de outros tempos já, há muito, idos. Às vezes sinto que envelheço sem ter amadurecido por completo.

Tal imaturidade escancara, de forma constante, grandes incômodos. O fato de, ainda ter, enorme retaguarda dos pais, de ainda buscar objetivos profissionais mais amplos, de estar longe da estabilidade financeira, muito comum em pessoas da minha idade, não deveria ser problema, mas, inevitavelmente, acaba sendo. Para sociedade. Mas quem disse que quero ser comum?

O fato é que, por tudo isso, freqüentemente, sou atormentado por um dilema: trocar a criatividade instável pela segurança medíocre? Medíocre e mentirosa. Medíocre porque quem é que pode, infeliz, realizar bem qualquer trabalho por mais digno, importante ou necessário que ele seja? Mentirosa porque é uma segurança volátil, pois em algum momento, com razão, sempre acharemos estar ganhando menos do que merecemos pelo trabalho executado.

O que eu posso fazer se é escrevendo peças, novelas e documentários, criando personagens, dirigindo shows, pesquisando músicas, produzindo espetáculos que me sinto feliz? O que posso fazer se, infelizmente, esse trabalho ainda não me dá, financeiramente, tudo o que preciso e tudo o que esperam de mim?

Quantas vezes, como agora, já não me peguei pensando em abdicar desses dez anos de investimento numa carreira e buscar um respeitável emprego formal? Conciliar as duas coisas é uma solução correta, eu sei. O que mais me entristece, porém, não é a dúvida, até porque ela não existe. O que me incomoda é o incômodo que essa postura causa nas pessoas. Sinto-me desrespeitado. Sou visto como sonhador, acomodado ou, o que é pior, vagabundo.

O caminho que escolhi, tenho certeza, vai render muitos frutos e todos os que me cercam poderão saboreá-los, basta paciência porque, sei também, o caminho é longo e a caminhada, lenta. Carrego na bagagem os pesados fardos da dignidade, do respeito, da honestidade, da lealdade, da decência, da dedicação e da ética.

Não quero, mas, ando pensando, outra vez, em utilizar o primeiro atalho que culmine na tal da segurança, porque com quase meio século vivido, temo que as pernas não suportem o esforço em carregar o terrível peso extra, dos quais quero me livrar o mais rapidamente possível, que, com o passar do tempo, vem sendo acrescentado à minha bagagem; a pressão e as cobranças.

Eis aqui um simples DESABAFO

terça-feira, 24 de novembro de 2009

TALENTO: QUAL MESMO A SERVENTIA?

Todos os assuntos em que pensamos e temos opiniões formadas ou não, todas aquelas coisas nas quais acreditamos ou não, todos os conhecimentos adquiridos nos foram ensinados ou impostos. Essa lição eu já sei. Aprendi direitinho. As poucas coisas que fogem desta máxima são frutos exclusivos de caráter, personalidade ou histórico de vida. Felizmente a maturidade nos transforma e faz, quando é o caso, mudarmos convicções.
Sozinho eu aprendi algumas coisas que trago desde a mais tenra idade. Duas delas pautaram meu comportamento ao longo desses vários anos. Hoje, entristecido, começo a rever certas certezas.
Aprendi a confiar na amizade e respeitar o talento ou, talvez aqui a ordem dos fatores altere significativamente o produto, confiar no talento e respeitar a amizade.
Sobre amizade eu vou falar numa postagem posterior. O tema hoje é talento.
Sempre acreditei que a palavra talento significasse muito mais que a definição do AURÉLIO. Talento, para mim, sempre foi a capacidade de transformação, de criação, de improvisação e de beleza. É! Beleza! Associei, a vida inteira, essa palavra com poesia. Poesia no sentido de vida, de sensibilidade, de paixão. Lirismo lúdico.
Mas, que decepção! Talento pode, (que inferno), estar relacionado à atividades e ações muito menos nobres. Descobri isso às duras penas. E como dói! Escolhi, há uma década, atuar no mundo da cultura, do entretenimento, apostando no talento. Hoje, nem sei se, de fato, possuo algum talento como roteirista, escritor, dramaturgo, produtor ou diretor. Mas, não é nem de mim e das decepções, intercaladas com algumas vitórias, que venho acumulando, que quero falar. Tenho visto, acompanhado e participado da luta de muitos artistas com fabuloso talento (artes cênicas e musicais) e que como eu vivem patinando. Logo uma pergunta se obriga: Para que serve tanto talento? De que adianta estudar, durante anos, um instrumento? Tocar e cantar com virtuosismo? De que adianta o empenho, a luta e a capacidade de um ator para interpretar, lindamente, outras vidas? O que fazer com tudo isso se o talento necessário, o talento que importa é o dinheiro é o conhecimento ou a capacidade de articulação? Vejo, com angústia, que a maioria das decisões de quem vai vingar ou não vai, não está relacionada apenas ao talento. Uma realidade triste, incômoda. Aposto, sem medo de perder, que cada pessoa que ler esse texto lembrará, na hora, que conhece um ator, escritor, músico, compositor, cantor, humorista, diretor ou um artista de outro segmento, desconhecido do grande público e muito mais completo do que vários dos que surgem, do nada, todos os dias. O que mais se tem visto é música de qualidade (no mínimo) discutível e atores com notoriedade apenas porque são bonitos, famosos em outras áreas ou rebolam bem. Celebridades de cera. Claro! Há uma minoria realmente talentosa que, felizmente, consegue destaque. Mas será que, mesmo esses, não tiveram ajuda dos outros talentos?
Vou continuar, enquanto forças eu tiver, lutando para que os melhores ARTISTAS consigam alguma visibilidade. E que eu possa, algum dia, se talento possuir, estar entre eles. Que tenham oportunidades reais de encantar através da sua arte e talento.
TALENTO: QUAL MESMO É A SERVENTIA?

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

LEVIANO EU SOU

Eu havia prometido a mim mesmo jamais utilizar esse espaço para falar de uma de minhas paixões: o futebol. Futebol que, como todas as paixões o fazem, mudou o rumo de minha trajetória.
Fiz essa promessa por duas razões muito simples. A primeira é que não queria correr o risco, desnecessário, de tornar temática essa tribuna, embora ela continue sendo, pois fala dos meus incômodos. A segunda é porque sei que quando se fala de paixões, a tendência de sermos parciais é muito grande e eu quero tentar fugir disso.
Como eu sou leviano!!!! Já na terceira postagem, me pego aqui, cheio de desculpas esfarrapadas, falando de futebol. Mas, se o blog é para falar de incômodos, ora bolas, porque evitar a abordagem de um assunto que, faz tempo, me irrita?
E a imprensa me irrita. Falo da imprensa em geral (sem esquecer a minha formação) e da imprensa esportiva especificamente (excluindo raras exceções).
Eles entram em nossa casa, com nossa anuência e chegam ditando regras de comportamento, analisando impiedosamente uns e outros, pousando de bons samaritanos, exigindo diferenças nas atitudes públicas e privadas, passando sermões como se estivessem, todos eles, acima do bem e do mal. Será?
Começo a acreditar que não importa o que façam em suas vidas particulares, desde que vendam a imagem de perfeitos.
Eu, particularmente, penso diferente. Defendo a transparência sempre e não espero a perfeição de ninguém. Sei que todos nós já erramos e que continuaremos a cometer erros em algumas situações.
Hesito em utilizar a expressão hipócritas, mas assumo que ela me é tentadora, assim como tentador seria poder nominar profissionais em quem, na minha modesta opinião, a expressão, no singular, caberia muito bem.
Numa época, porém, em que expressar-se vale processos, prefiro proteger-me, sem, entretanto, deixar de manifestar alguns pensamentos.
Essa atitude não é, claro, megalomaníaca. Sei que meu blog não é lido por quase ninguém e tenho noção exata de que praticamente inexisto numa selva repleta de “feras”, mas todo o cuidado é pouco, mesmo.
Um erro do árbitro Carlos Eugênio Simon no jogo de domingo passado (08.11.09) no Maracanã entre o Fluminense e o “meu” Palmeiras e os fatos que se seguiram em função desse erro, reacenderam em mim o desejo de abordar o tema e espinafrar a mídia esportiva. Tanta besteira que vi e ouvi me levaram à indignação, quase à revolta.
Não acredito, sinceramente, que o referido árbitro tenha agido de má fé, seja vendido ou coisa que o valha, como disse o Presidente da Sociedade Esportiva Palmeiras, o Sr. Luiz Gonzaga Belluzzo e como jamais disseram meus coleguinhas da imprensa esportiva.
O que me incomoda, de verdade, é a postura de boa parte dos analistas, igualando o Sr. Belluzzo a outros dirigentes que andaram e ainda andam por aí.
Não vai aqui, acreditem, nenhum fanatismo. Erros como o do Sr. Simon acontecem sempre, beneficiando e prejudicando todos os clubes. Concordo com a tese que o Palmeiras nem tem jogado um bom futebol e que merecia até perder. Mas tendo a concordar que um erro como o que cometeu o Sr. Simon, no momento do jogo e do campeonato pode levar um homem digno, à explosão. Ou os jornalistas preferem os dirigentes dissimulados, arrogantes, prepotentes, manipuladores que dominam esse esporte apaixonante?
Tento entender que eles, como formadores de opinião que se julgam e que são, optem pelo politicamente correto. Mas o que me intriga, incomoda e irrita é ver esses mesmos jornalistas perderem a classe quando contestados.
O Sr. Luiz Gonzaga Belluzzo é um cidadão integro, respeitado mundo afora e diferenciado, mas um ser humano apaixonado e indignado e têm o direito até de cometer pequenos erros. Erros muito menores do que o daqueles que o igualam aos demais dirigentes do meio.
Permito-me citar um único nome, que foi a opinião mais lúcida que ouvi. Um jornalista a quem respeito, mas de quem divirjo muitas vezes: Juca Kfouri que, mesmo tendencioso, às vezes, olha antes o currículo e depois o ato da pessoa. Dessa vez concordo com o Juca.
Prometo nunca mais usar o INCÔMODOS para falar de futebol. MAS, LEVIANO EU SOU.

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

MUITO OBRIGADO, POR FAVOR

Ah, o palavrão! Constítuido por não mais que cerca de uma dúzia de palavras (pelo menos que eu conheça), o palavrão é, para incômodo meu, cada vez mais presente na linguagem cotidiana.

Jovens, idosos ou crianças. Homens, mulheres ou gays. Ricos, pobres ou remediados. Cultos, ignorantes ou políticos. Brasileiros, estrangeiros ou nenhum dos dois. Cegos, surdos ou mudos, não importa, desde que falem palavrões. Os publicitários já acenam com slogans do tipo: "sem palavrão não há comunicação"

Realities shows prometem uma fortuna em dinheiro ao confinado que, em menos tempo, utilizar em seus diálogos o maior número de palavrões. Versões modernas e mais modestas desse tipo de programa pensam em criar um formato em que o vencedor seja aquele que criar novas expressões que possam ser qualificadas como palavrão.

Isso porque, alguns dos palavrões conhecidos mudaram de status. Passaram a ser considerados como adjetivos, adjuntos adverbiais e até ponto de exclamação, tudo simultaneamente. Pensem nos palavrões que conhecem e verifiquem o alto nível que adquiriram. Eu poderia, claro, exemplificá-los, mas infelizmente não consigo. Acho que a culpa é da minha formação, sei lá. No meu tempo apenas os livros (e mesmo assim dentro do contexto), algumas peças de teatro, inocentes pornochanchadas do cinema, a TV na madrugada ou a alcova eram os lugares onde os palavrões podiam ser usados, livremente. Hoje, ao contrário, dominam blogs, novelas (mesmo aquelas reprisadas à tarde), matérias de jornais e aquilo em que alguns insistem em chamar de música (música é outra coisa que no meu tempo era outra coisa).

Quero deixar bastante claro aqui que não sou puritano, nem conservador e muito menos antiquado, até gosto de certas transgressões, mas não posso negar que vejo a elegância como fator de distinção.

O acentuado uso dessas expressões, para mim, só tem uma explicação: pobreza de vocabulário. O que é absolutamente compreensível, afinal leitura é artigo raro e livro uma espécie em extinção. Sem contar, naturalmente, as constantes reformas feitas à ortografia.Tudo isso somado faz, não raro, eu me sentir um velho. Quando, inadvertidamente, presencio uma conversa entre jovens acabo, assustado, achando que não estou em meu país, aí identifico uma ou outra palavra a qual fui apresentado e, apavorado, desconfio que mudaram o idioma oficial do Brasil sem me avisar. Sempre saio sem entender o teor da conversa que ouvi e entendendo menos ainda meus pensamentos. E quando a coisa se transfere para a línguagem escrita, então? Essa realidade é ainda mais pulsante. Que idioma cheio de siglas é esse que estão usando? KD, VC, TB, BJS. Extinguiram as vogais? Não! Que alívio! Nesses textos, pelo menos, os muitos palavrões são escritos por extenso. E como são sonoros. Acho que é por causa das vogais. Pelo andar da carruagem posso até prever o futuro próximo. Imagino os pais, chamando os filhos de lado e orientando com cuidado: "Atenção com as palavras. Evitem a todo o custo tratamentos íntimos como senhor ou senhora.

Jamais, em hipótese alguma, façam uso de expressões vulgares como, por exemplo (consigo visualizar os pais, nesse momento, olhando discretamente para os lados a certificarem-se de que não podem ser ouvidos): COM LICENÇA, MUITO OBRIGADO, POR FAVOR".

terça-feira, 20 de outubro de 2009

CRIANDO UM MONSTRO

Quando pensei em criar esse blog a ideia era, como destaco na apresentação, dar VOZ às coisas que me incomodam, independente da importância efetiva que tais coisas possam ter para o futuro da humanidade. E havia tanta coisa na minha cabeça precisando VOCIFERAR.

Só que agora, ao dar início ao blog, me deparo com um grande incômodo: falta de assunto. Percebo, quase sem graça, que tudo aquilo que precisa gritar, berrar, urrar é uma necessidade efêmera, coisa de momento (Coisa de momento, um belo título de música, peça, filme, novela, etc...).

Momentos nos quais, em geral, estou longe do PC sem possibilidade de tamborilar, freneticamente, o teclado. Assuntos palpitantes que fizeram a cabeça esquentar e o sangue ferver se esvaíram, diluíram.

A primeira postagem já incomoda e incomodado me dou conta.
CRIEI UM MONSTRO